Será possível conhecer todo o mundo numa só vida?

domingo, 28 de outubro de 2012

Pareço sumida? Mas não estou! Reflexões pós-intercâmbio!!

Pareço sumida? Na verdade a palavra não é sumida, mas focada! Focada nos meus estudos, trabalho, conflitos internos, mudança de casa... e cheia de outras coisas para fazer. O fato é que estou ausente de escrever sim, não consigo atualizar as postagens com a mesma frequência de antes, é praticamente impossível responder a todos os comentários e e-mails com tantas tarefas no dia-a-dia, fiz mil ensaios para esta postagem.
Meus queridos leitores... me entendam... novidades por aqui? MUITAS!
Para começar eu estou quase surtando de abstinência viajística!! Que saudade de programar viagens e sair pelo mundo!!
Estou muito preocupada com o inglês, não tenho praticado e isso não é nada bom, estou com uma preguicinha de estudar. Outro dia fui em um Irish pub em Ipanema, foi tão gostoso sentir um pouco da cultura irlandesa bem aqui pertinho de mim, vi um irlandês bêbado com uma pint de Guiness na mão, tentei conversar um pouco com ele, mas foi bem difícil. Na saída conheci dois Escoceses bem legais, eles queriam conhecer melhor a cultura brasileira, então eu e mais 2 amigas os levamos para um samba na Lapa, no dia seguinte antes deles pegarem o vôo de volta ao país de origem ainda curtimos praia e o pôr do sol no Arpoador, eles gostaram bastante e nos agradeceram muito, pena que "eles" não são tão receptivos com a gente quando estamos no país deles. Aproveitei para praticar o English nestes 2 dias.
Na Irlanda eu curtia muito uma cidra chamada Bulmers, é uma verdadeira delícia, muito indicada para as meninas, tem de morango, pêra e sabor original, lá custa em média 3 euros no mercado e 6 euros nos pubs e baladas, já procurei tanto por aqui e não acho a bendita, nem em Irish pub.
Estou em um momento reflexão da minha vida, aquela crise pós intercâmbio que eu não tive quando voltei ao Brasil me pegou em cheio agora.
A euforia de estar de volta a terrinha, praia, clima, amigos, família... enfim... já passou e os questionamentos que rondam a minha cabecinha são muitos.
Mas o que desencadeou tudo isso? Bom, quando ainda estava na Irlanda já fazia planos de continuar a minha independência aqui no Brasil e dividir ape com uma amiga. Lembram da Gaby? Ela que descolou um ape com um precinho bem legal em um bairro que eu curto muito chamado Tijuca, para quem não é carioca, este bairro tem uma ótima localização, pertinho do Centro, fácil acesso a Barra da Tijuca, metrô e um ótimo comércio.
Antes eu morava em Realengo, já fui assaltada algumas vezes, o bairro não oferece lazer, sofri bastante em conduções e engarrafamentos no trajeto casa-trabalho-casa, então morar em um bairro com fácil acesso ao trabalho estava perfeito.
Fui levando uma vidinha normal, logo logo estava de volta a rotina de trabalho, faculdade, praia nos fds e algumas saidinhas.
Depois de 4 meses, tivemos uma bela surpresa, o proprietário do apartamento nos enviou uma carta informando que não tinha interesse em renovar o contrato, perdemos o chão, e agora o que fazer? Minha cabeça deu mil voltas, mas tentamos fazer uma contra-proposta ao proprietário, que prontamente aceitou, porém o aluguel aumentou em 100% por causa das Upp´s. Para mim é incabível pagar quase R$2.000,00 de aluguel, é um dinheiro que não volta mais, só em pensar que na Irlanda é possível ter qualidade de vida por muito menos dá uma certa revolta.
Então decidimos arregaçar as mangas e procurar... procurar e procurar um novo apartamento e ainda não encontramos algo com bom custo benefício. Chegamos a passar o último feriadão batendo de prédio em prédio perguntando se havia apartamento para alugar, mas todos nesta mesma faixa de preço, foi dando um desânimo tão grande, as perguntas não paravam de me rondar. Por que a desigualdade social em nosso país é tão grande? Por que uns tem tanto, outros pouco e outros nada? Por que tudo é tão difícil no Brasil? Por que a educação aqui é fraca e para estudar inglês às vezes precisamos sair do país ou então aprender o verbo to be a vida inteira? Por que aqui só tem valor quem estuda em Universidades Federais, Estaduais ou na PUC que é uma fortuna? Por que o pobre paga a faculdade e o rico chega de motorista particular na Universidade pública?
Nossa, tudo isso dá uma revolta tão grande, eu não sei se evoluí demais, mas está difícil viver na cidade que eu nasci... infelizmente! Parece que tudo está girando em torno do Rio de Janeiro e São Paulo por causa da Copa e Olimpíadas, está insuportável viver aqui, sei que em cidades do interior ainda é possível ter qualidade de vida no Brasil, porém e as grandes empresas onde estão??? RJ e SP!! A pergunta é: QUALIDADE DE VIDA OU CARREIRA?
Uma crise puxa a outra e a impressão que eu tenho é que quando uma começa, outras surgem para atormentar mais ainda. Logo depois começei a questionar a minha carreira, fiz altos investimentos nos meus estudos, graduação, pós-graduação, intercâmbio, curso de inglês e Business, segunda graduação... e o que consegui até agora? Estou há quase 6 meses no Brasil e o meu salário é exatamente o mesmo de antes do intercâmbio.
Fiz uma única entrevista em uma multinacional, estou até agora aguardando a resposta.
Sei que este post está meio down, sempre fui tão otimista, sonhadora e determinada, mas confesso que uma onda de pessimismo e falta de fé me assombram.
Não tenho como saber, no momento, se os meus esforços trarão resultados, mas o importante é que saí do campo do desejo pra correr atrás de realizar meus sonhos e acreditem que esta tarefa não é fácil.
Eu pensava que o meu currículo iria bombar, que o Brasil estava com muitas oportunidades de bons empregos, mas sinceramente não vejo tudo isso que a mídia vem anunciando maciçamente, como a Raquel sabiamente escreveu.
Outro dia eu recebi um e-mail da Larissa, uma jovem leitora que sonha em fazer intercâmbio, me identifiquei muito com o e-mail dela, ela atua em RH também, um dia eu sonhei como ela, fui lá encarei meus medos, vivi tudo o que sonhei... parece mesmo que foi um lindo sonho e hoje eu estou acordada e de olhos bem abertos... mas não estou gostando do que estou vendo, estou com vontade de voltar para o sonho novamente, rs. Mas isso é assunto para a próxima postagem. Compartilho o e-mail dela com vocês:

"Olá Luciana, meu nome é Larissa, descobri agora pouco por acaso seu blog (que já me viciou) e resolvi escrever.
Bom, desde Setembro/12 me deu uma louca e constante vontade de fazer um intercambio pra Irlanda. Tenho 25 anos, também sou formada em Gestão de RH, trabalho nessa área juntando as duas experiências há 2anos.
Sou uma pessoa que sempre tive resistência ao tédio, e por alguns motivos (bobos) pessoais comecei novamente a ter minha fase de "sede de coisas novas", estava me sentindo pequena, que vivo num mundinho sem graça, e o facebook de dua amigas que estão na Irlanda( Dublin e Galway) começaram a me chamar a minha atenção.
E pensei: 'eu também vou" "também posso". Desde então esse objetivo não me sai da cabeça, chego até sonhar, e TODOS os dias faço orçamentos, leio depoimentos, busco informações, blogs e afins, minha cabeça chega a dar um nó (hoje então depois de ler alguns de seus posts...aff) Rs!
Enfim acho que esse contato sendo mais pessoal me ajudará mais ainda ...gostaria de saber qual conselho você pode me dar.
Já estou decidida que quero, só falta a grana...mas estou indo atrás.

Bom meus objetivos são:
Ficar um ano
Aprender inglês (amo o idioma, e tenho uma boooa noção)
Viajar pela Europa
Conhecer pessoas, culturas e lugares
Me tornar uma pessoa melhor
Me emancipar (sou muito apegada a família, mas amo minha liberdade, terminei um namoro muito por isso também rs..não viajei muito o mais longe MG e RJ)
Aprender aprender e aprender."

E-mail II:

"Bom, eu trabalho com R&S e agora estou aprendendo algumas funções de DP (pensa num negócio chato, importante e de total responsa né), mas eu pensei que se fosse fazendo um intercâmbio me daria futuramente a oportunidade de trabalhar em uma multinacional com recrutamento bílingue e afins.
E tenho certeza que irei expandir de uma maneira incrível, não deixarei o medo tomar conta senão terei de continuar no meu "mundinho". Lendo seu blog não achei que voltaria para o Brasil, não se sente estranha aqui?"

Ass: Larissa
Desabafar aqui no meu cantinho dá uma enorme sensação de alívio, o retorno positivo que eu tenho de vocês é algo que nem sei como descrever. Me faz muito bem e me dá muito incentivo pra continuar escrevendo e sonhando. Inclusive agradeço as visitas diárias aqui, o blog não perdeu a audiência com a minha volta ao Brasil, está bem perto de 200.000 visitas.
Bom, pra quem torce por mim, meu muito obrigada. Para quem não torce, sempre há tempo de mudar de idéia. Não sou boba e sei que nem todos que visitam meu blog estão preocupados em saber como estou e sim em futricar ou colher informações, o que eu odeiooooo!! Ok?

Se identificou com o texto? Então comenta!!

Um abraço,

6 comentários:

  1. Acabei de ver seu e-mail e estou muiiiiito feliz, confesso que as lágrimas rolaram aqui na sala disfarçadamente para ngm visse :)

    Lendo esse post não parecia que era comigo, to meio área e posso falar? Vc escreve tão bem, tão clara e objetiva que por alguns segundos é como se eu fosse vc, como se tivesse passado por tudo o que leio. Vc é fera menina!!!

    E após todos contras (para futuros intercambistas essa palavra cabe melhor) citados em diversos "capítulos" balancei, balancei e decidi que NÃO vou e NÃO posso desistir. Além de querer alcançar uma ascensão profissional (?) eu quero mais que isso...quero ver o mundo, ver o que eu posso fazer, pra quem eu posso fazer e quanto eu posso fazer, viver, aprender, curtir, chorar, amadurecer, enfim MAIS.
    Espero um dia poder contar ou resumir como estará sendo essa experiência.

    Bom, como velha crédula do "nada é por acaso", continuo acreditando assim que a descoberta desse blog não foi nem um pouco á toa....abriu minha mente do que é o intercâmbio (hoje), claro que vivenciando é realmente o que é.

    Estou ansiosa (já) pelo novo post do sonho de volta...e amei esse de ontem!

    Obrigada intensamente pela atenção e ajuda!

    Ah arrasou na direta...arruda nas invejosas

    Ass: Larissa

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    Respostas
    1. Larissa, você disse exatamente tudo o que estou passando...
      Tenho um sonho de muitos anos: ir para o exterior.
      Antes de entrar para a faculdade (2008) eu tinha a certeza que assim que me formasse (2011) eu iria fazer estágio ou estudar no exterior, mas até esse ano nada.
      Mas esse ano eu tenho uma certeza: estou indo! Sem muito apoio de meus pais, mas estou indo. Já coloquei na minha cabeça que em Novembro/2013 estarei em Dublin.
      Minha vida atualmente anda como você descreveu, aquela rotina desgastante e sem sentido.
      Agradeço a você por me motivar (o que mais me falta é motivação por parte da família).
      Espero que ainda esteja em Dublin quando eu for, gostaria muito de te conhecer pessoalmente.
      E como você mesmo disse: quero ver o mundo, ver o que eu posso fazer, pra quem eu posso fazer e quanto eu posso fazer, viver, aprender, curtir, chorar, amadurecer, enfim MAIS.

      Flavia Carvalho

      Excluir
  2. Luciana,

    eu tambem mantenho um blog e agora pouco estava eu contando como foi a minha despedida da Irlanda. Eu moro em SP/Capital e posso dizer que senti a mesma coisa que voce quando voltei para o Brasil: essa revolta em aceitar como as coisas aqui são.
    A minha vida na Irlanda foi muito boa e que era possivel passear sem medo de ser assaltada, ir para onde eu queria sem precisar depender das conduções lotadas que nem aqui e tambem o que voce disse, que com pouco dinheiro era possivel viver bem.

    Desde que voltei nao ha 1 dia em que eu nao pense lá, com dor no coração e muita saudades. Consegui emprego numa multinacional (inglesa) depois de 1 mes de chegada mas tambem nao senti diferença no salario.
    Mas isso nao invalida as minhas conquistas. A cabeça muda bastante, voce se torna mais experiente e até com mais assunto com os amigos. Morar fora é uma experiencia fantastica e que faz valer cada letrinha da palavra LIBERDADE.

    Te desejo força e que voce consiga conquistar, aqui ou em qualquer lugar do mundo, aquilo que almejas.

    []'s

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  3. Oi Luciana, tudo bem? Li agora alguns textos seus, mais sobre "voltar ao Brasil", qualidade de vida e adaptação. Hoje faz um ano que cheguei em Dublin. Semana passada renovei meu visto. Teve uns meses que fiquei preocupado. Não estava tendo grana, e apesar de estar procurando por trabalho, ainda não tinha achado. Daí arrumei um trabalho a parte da manhã. Então 10 dias arrumei um pra trabalhar de cleaner à noite. Aí as coisas foram se encaixando e quando eu penso em voltar pro Brasil, vai me dando uma agonia, que eu acabo deixando esse assunto pra ser pensado depois.

    Sou do interior de Minas Gerais, cidade pequena mesmo, 10mil hab, mas quando voltar pro Brasil pretendo ir pra BH. Mas daí, quando eu começo a pensar nisso, lembro que não poderei pedalar pra ir trabalhar e terei que trabalhar muito pra poder ter uma qualidade de vida mais ou menos. O problema não é trabalhar... Mas aqui eu trabalho o mesmo número de horas que eu fazia antes de vir pra cá. Mas com os meus dois jobs aqui eu tenho uma qualidade de vida incrível.

    Estou tão preocupado também com essa questão de emprego. Sou formado em contábeis e sempre trabalhei 5 anos nessa área, mas quero mudar de profissão.

    Fico também pensando que vou perder minha independencia por um tempo, voltando pra casa de pai e mãe.

    Por isso eu te entendo.

    Abs.

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  4. Olá Willian, tb entendo td o que comentou aqui, é fato que a qualidade de vida que vc tem ai será mt dificil aqui, era exatamente isso que me preocupava tanto.
    Porém por outro lado é tão bom estar perto das pessoas que amamos...

    Att,

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  5. oie..to conhecendo seu blog agora, mas parei nessa postagem....pq é assim msm q me sinto...e essa revolta tb...em 2011 eu morei em Berlin, trabalhei em recepção de navio de cruzeiro, trabalhei de baba em Berlin..ai vc chega aqui, achando q vai bombar e nada...dá quase no mesmo...o salário não compensa, os transportes caoticos do rio de janeiro, a violencia...eu voltei ja tem 1 ano e 2 meses pra juntar dinheiro pra ir pra Irlanda...mas não é tão fácil quanto parece...a percepção das coisas mudam de uma forma...do emprego mediocre, do absurdo dos alimentos caros, dos alugueis exorbitantes...é uma triste realidade brasileira.....poucas são as cias q dão valor ao profissional

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